Espetáculo “Véspera – Tome Isto Que a Vida Te Dá” faz temporada de estreia no Teatro Gamboa

Com texto de Gildon Oliveira e direção de Paula Lice, solo estrelado por Véu Pessoa encena o atravessamento de uma crise existencial de uma mulher obcecada por controle
Três dos mais atuantes e inventivos nomes do teatro baiano se unem para colocar em cena o espetáculo “Véspera – Tome Isto Que a Vida Te Dá”, que estreia em temporada no Teatro Gamboa. Com texto de Gildon Oliveira, direção de Paula Lice e atuação de Véu Pessoa, o solo apresenta a personagem Doralice, uma mulher que representa muitas outras na busca da compreensão acolhedora de suas próprias fragilidades e potencialidades num mundo de sobrecargas e cobranças. A peça fica em cartaz de 10 de maio a 1º de junho, aos sábados e domingos, sempre às 17h, com ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda pela Sympla. A classificação indicativa é de 18 anos.
Uma assertiva é norteadora desta obra de comédia dramática: existe um multiverso dentro de cada pessoa e o que mostramos ao mundo, conscientemente ou não, são fragmentos de muitas possibilidades de existir. Doralice, focada nos seus desajustes, faltas, fragilidades, obsessões e manias, parece não se aperceber de como viver suas qualidades e virtudes. E é desse jeito, sem uma consciência clara de si, que ela mergulha em uma jornada para dentro.
“Doralice gosta de organizar tudo para não se perder, mas quem tem controle absoluto da vida? Doralice não tem. Ninguém tem”, provoca o dramaturgo Gildon Oliveira, que antecipa: “Doralice se transmuta em meio à desordem. Vira possibilidades. Uma novidade!”.
Acompanhando essa transmutação, “Véspera – Tome Isto Que a Vida Te Dá” busca um modo de representar, de maneira delicada e com leveza, uma crise existencial, com o reconhecimento e enfrentamento de dramas pessoais. Põe em questão neuroses e padrões de comportamento que muitas vezes são, na verdade, reguladores de estresse, expressões de controle ou sublimação de sentimentos que fazem parte da existência humana, como medo, dúvida e solidão. Nessa abordagem, inclui camadas de discussões sobre gênero, feminismo e superação de padrões morais. Fala também de saúde mental, estratégias de sobrevivência, insurgência, renascimentos.
A diretora Paula Lice descreve: “A peça busca ampliar as sensações da personagem, construindo imagens que desloquem o espectador, criando analogias e metáforas para o que Doralice sente. A casa dela é seu grande palco íntimo. Uma estrela que se mostra para ninguém. Uma gata que só se vê quando perde o controle de tudo. No palco, Doralice caminha por linhas, trajetórias retilíneas como seus desejos de ordem, até que um acidente muda o rumo de tudo”. Como diz Doralice na peça, “se acontecer o inesperado, improvisa-se uma loucura!”.
A atmosfera das cenas dialoga com décadas passadas, não por não ser contemporânea, mas pela presença quase antiquada de Doralice, que gosta de tango argentino, radionovelas e programas de TV. E ela se mostra: expõe seu cotidiano, que se desmantela em um surto que urge por transformação.
“Doralice, em seus desajustes, tenta equilibrar a vida na falsa segurança das certezas. Sua rotina rigorosamente seguida, seus sonhos e desejos de ser faíscam em dissonância”, resume a atriz Véu Pessoa. “Na peça, acompanhamos a personagem se mostrando além do que percebe de si. São muitas as camadas que se desvelam em suas sutilezas e rompantes, até a transmutação. Representar Doralice é me perceber junto em seus desencaixes, seus entendimentos e sua coragem de se enraizar e florescer, de acreditar e se lançar nas infinitas possibilidades”, conclui a protagonista.
Completando a ficha técnica, “Véspera – Tome Isto Que a Vida Te Dá” tem assistência de direção de Marina Martinelli, produção de Tais Bichara, direção de movimento e preparação corporal de Mônica Nascimento, iluminação de Moisés Victório Castilho, figurino de Carol Diniz, cenografia de Renata Mota e trilha sonora de Juan Almeida.
O espetáculo conta com apoio do Centro Cultural Ensaio e apoio institucional da Prefeitura de Salvador, através da Fundação Gregório de Mattos (FGM), vinculada à Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult).
SINOPSE – Com texto de Gildon Oliveira, direção de Paula Lice e atuação de Véu Pessoa, “Véspera – Tome Isto Que a Vida Te Dá” apresenta Doralice, uma mulher que parece não se aperceber de suas qualidades e virtudes, pois focada nos desajustes, faltas e obsessões. Enquanto tenta controlar a vida e sem uma consciência clara de si, ela mergulha em uma jornada para dentro, desvendando outras possibilidades de existência.
Minibios
GILDON OLIVEIRA – Doutor e mestre em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), tendo como linha de pesquisa a dramaturgia. Especialista em Roteiros para Audiovisual, atua em pesquisa, ensino, consultoria e criação artística. Desenvolve dramaturgia para teatro, cinema e televisão desde 2008. Por cinco vezes indicado na categoria Melhor Texto no Prêmio Braskem de Teatro, venceu em 2023 pelas peças “Cintilante” (2023) e “Aviamentos” (2022). Além destes dois, seus trabalhos mais recentes no teatro são: “Das ‘coisa’ dessa vida” (2019); “Pequenas Histórias de Impossíveis Amores” (2021) e “Nó” (2024). Participou da Oficina de Teledramaturgia para Novos Autores da Rede Globo (2010). Na televisão, o trabalho mais recente foi a criação de “Beleza da Noite”, integrando o Programa de Expansão de Dramaturgia da Rede Globo (2022). Roteirista do longa de ficção “Café e Outras Pessoas”.
PAULA LICE – Atriz, diretora, escritora, roteirista e dramaturga. É graduada em Letras, com mestrado em Teorias e Crítica da Literatura e da Cultura e doutorado em Artes Cênicas, todos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Destaca-se no seu repertório o curta-metragem “Jessy” (2013), que deu origem ao reality show “Drag me as a queen”, do qual é cocriadora. É também cocriadora do longa-metragem “Ridículos” (2016). Participou como atriz do curta “Estela”, de Hilda Lopes Pontes, pelo qual ganhou uma menção honrosa pela sua atuação no Panorama Internacional Coisa de Cinema 2017. Com intensa dedicação ao universo infantil, é coautora da peça, do curta e do longa-metragem de animação “Miúda e o guarda-chuva”. Escreveu, dirigiu e produziu “Para o menino-bolha”, indicado ao Prêmio Braskem de Teatro 2015, nas categorias Direção, Espetáculo Infanto-juvenil e Texto, tendo sido vencedor do último. Assinou dramaturgia e direção do espetáculo de dança “Bonito” (2017), também indicado a Melhor Espetáculo Infanto-juvenil no Prêmio Braskem. Como atriz, foi indicada ao Prêmio Braskem de Teatro pela sua atuação em “A persistência das últimas coisas” (2017), de Celso Júnior. Assina a direção e dramaturgia do espetáculo “Criança Ferida ou de como me disseram que eu era gay” (2018), é atriz e cocriadora de “Santa Maravilha Recebe – entrevistas perforMágicas” (2018), dirigiu “TREVA ou princípios da higiene funcional” (2019), de Sabrina D Marques, os web-espetáculos “Pequenas Histórias de Impossíveis Amores” (2021) e “Quimera”, além do recente “Chame Gente” (2025).
VÉU PESSOA – Atriz graduada em Interpretação Teatral pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Começou no teatro em 2001, estreando no circuito comercial em 2004. Recebeu indicações na categoria Melhor Atriz no Prêmio Braskem de Teatro em 2011 e 2019. Atuou em espetáculos como “Torre de Babel”, “Curral Grande”, “Protocolo Lunar”, “Meu Nome é Mentira” e “Vermelho Melodrama” (Prêmio Braskem de Teatro de Melhor Espetáculo). Com trabalhos também no audiovisual, participou de videoclipes, séries e filmes. Atuou nas séries “A Lei do Riso – Crimes Bizarros” (Amazon Prime Vídeo) e “Balaclava” (Prime Box Brazil). É locutora, dubladora e também faz vozes originais para jogos e séries animadas, como “Tadinha” (TVE Bahia), “Billy e Catarina” (Amazon Prime Video), “A Bruxinha Lili”, “Jenny e a Corrida Intergaláctica” e o curta “Tom Tamborim”. Em 2022, atuou em “Beleza da Noite”, da Globo Filmes/Movida Conteúdo (Globoplay), dirigido por Cecília Amado e Dayse Porto.
FICHA TÉCNICA
Texto: Gildon Oliveira
Direção: Paula Lice
Atuação: Véu Pessoa
Assistência de Direção: Marina Martinelli
Produção: Tais Bichara
Direção de Movimento e Preparação Corporal: Mônica Nascimento
Iluminação: Moisés Victório Castilho
Figurino: Carol Diniz
Cenografia: Renata Mota
Trilha Sonora: Juan Almeida
Design: Gil Maciel
Fotografias de divulgação: Caio Lirio
Temporada de estreia
Quando: 10 de maio a 1º de junho, sábados e domingos, 17h
Onde: Teatro Gamboa
Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) – Vendas antecipadas pela Sympla
Classificação indicativa: 18 anos
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