Espetáculo “Filipa” leva a luta pela homoafetividade feminina aos palcos do Cineteatro 2 de Julho

A Panacéia apresenta também a peça infantil “Meninas Contam a Independência”; grupo fica em cartaz de 27 a 30 de março

Neste mês de março, que marca a luta pelos direitos das mulheres no calendário global, o grupo de teatro feminista A Panacéia volta a cartaz, em Salvador, com apresentações de dois dos seus espetáculos de repertório: “Filipa” e o infantil “Meninas Contam a Independência”. Premiado pelo 12º Prêmio Ordem do Mérito Cultural da Diversidade LGBT+ do Grupo Gay da Bahia, “Filipa” retrata a personagem histórica Filipa de Sousa, condenada pela Inquisição por se relacionar com outras mulheres. Já o espetáculo “Meninas Contam a Independência” é uma “peça-jogo” que desvenda histórias sobre as heroínas da Independência da Bahia. As apresentações de “Filipa” acontecem de 27 a 30 de março (quinta a domingo), às 19h, e de “Meninas Contam a Independência”, em duas sessões no dia 30, às 11h e 15h, no Cineteatro 2 de Julho. Os ingressos já estão disponíveis no Sympla a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia entrada), ou ainda na casadinha para um adulto e uma criança a R$ 40 para o espetáculo infantil.

Filipa de Souza foi uma mulher condenada pela Inquisição na Bahia, em 1592, sob a acusação de “sodomia”. Segundo documentação histórica, Filipa assume que se relacionou, afetiva e sexualmente, com diversas mulheres e arca com as consequências impostas pela sociedade da época: é humilhada, açoitada publicamente e degredada. O texto da peça é escrito por Camila Guilera e Elisa Mendes, que também ocupam as funções de atriz e diretora, respectivamente. “Não se sabe nada sobre o paradeiro de Filipa após ela ser expulsa de Salvador, por isso, escolhemos o teatro para recriar a vida dessa personagem que tanto nos instiga, dando vazão a seus anseios e pensamentos”, explica Camila, atriz que dá vida a personagem.

Na encenação, ao revisitar o período entre a sua prisão e o exílio, a personagem faz uma digressão sobre a própria vida e conclui que de nada se arrepende, pois era uma mulher livre em alma e pensamento. O espetáculo, que já realizou temporadas nos Espaços do Boca de Brasa, em Cajazeiras e Subúrbio Ferroviário, Sala do Coro do Teatro Castro Alves e Teatro Gregório de Mattos, foi elogiado e premiado por enfatizar que a perseguição à homoafetividade entre mulheres é histórica e que é preciso olhar para o passado para transformar o presente.

Para meninas e meninos – A Panacéia também fará duas apresentações do espetáculo infantil “Meninas Contam a Independência”, no qual duas atrizes descobrem um misterioso jogo de tabuleiro e embarcam numa divertida jornada rumo ao resgate da memória de mulheres na história do país. Trata-se de uma “peça-jogo” lúdica e interativa, que destaca a importância da participação das mulheres nas lutas pela Independência da Bahia a partir de personagens históricas como Joana Angélica, Maria Felipa, Maria Quitéria e Urânia Vanério. As jogadoras dessa peça-jogo são as atrizes Ana Luisa Fidalgo e Márcia Limma, e a terceira personagem é interpretada pela atriz mirim Marina Fidalgo, de nove anos, que empresta a sua voz para dar vida à Urânia Vanério e ditar as regras desse grande jogo de tabuleiro. Urânia foi uma baianinha muito corajosa que, em fevereiro de 1822, com apenas dez anos de idade, escreveu aquele que é considerado um dos mais radicais panfletos pró-independência, intitulado “Lamentos de uma Baiana”.

Sobre A Panacéia – O grupo surgiu em 2008 com o objetivo de ser um espaço exclusivamente feminino de atuação artística e levar aos palcos histórias de mulheres que foram silenciadas. Em 2010, o grupo estreou o seu primeiro espetáculo, “Dorotéia”, texto de Nelson Rodrigues e direção de Hebe Alves, que ganhou o “Prêmio por Inovação e Criatividade” do festival Teatranly Koufar, em Minsk, na Bielorrússia. Entre 2012 e 2015, desenvolveu o projeto “A Face Oculta da Lua”, que investigava arquétipos relacionados ao universo feminino, o qual rendeu três montagens: “Lua Crescente” (2013), que teve o texto selecionado para o Women Playwrights International; a intervenção de rua “Lua Caída” (2013); e “Lua Cheia” (2015). Entre 2018 e 2019, o grupo criou “EU PAGU”, que contou com a diretora convidada Letícia Bianchi. A partir daí, aprofundou-se a investigação sobre mulheres da História, surgindo os espetáculos “Filipa”, “200+1 – As Heroínas da Independência” e “Meninas Contam a Independência”.

SERVIÇO
Espetáculo “Filipa”
Dias: 27, 28, 29 e 30 de março (quinta a domingo) – 19h
Espetáculo “Meninas Contam a Independência”
Dia: 30 de março (domingo) – 11h e 15h
Local: Cineteatro 2 de Julho, Federação
Ingressos: Disponíveis no Sympla
R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
Adulto + criança R$ 40 (casadinha)
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