Espetáculo “Ybyrá” celebra raízes que nutrem os sentimentos de brasilidade

Em cartaz na Sala do Coro do TCA até dia 8 de setembro, a montagem evidencia a diversidade e a complexidade do sentimento de brasilidade a partir de histórias do cotidiano
Estreia no dia 30 de agosto, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, o espetáculo YBYRÁ, uma celebração poética à resistência e à permanência da diversidade étnico-racial e cultural que aflora no território brasileiro. A peça, que segue em cartaz até o dia 08 de setembro, é apresentada de sexta a domingo, sempre às 20h. Com ingressos a preços populares (R$30 e R$15), disponíveis na plataforma Sympla (clique aqui para adquirir seu ingresso) e na bilheteria do TCA, o espetáculo garante acessibilidade com audiodescrição às sextas-feiras e interpretação de libras em todas as sessões.
Construído a partir de um levantamento de narrativas pessoais, YBYRÁ narra histórias reais de brasileiras e brasileiros, embebidas em confluências e encantamentos, efó e ybytu (sopro e vento). Sob a direção do premiado encenador Guilherme Hunder, os artistas Caboclo de Cobre, Edu Coutinho, Hiago Ruan e Queisy, que também são responsáveis pela coleta dos relatos, conduzem o público por uma construção sensível que explora as variadas formas de ser, estar e viver do povo brasileiro.
“Ybyrá é um ponto de confluência entre saberes, ciências e vivências. O espetáculo busca perceber no nosso cotidiano, no nosso imaginário e na nossa memória, a persistência dos traços étnicos que permeiam nossas vidas enquanto ancestralidade”, contextualiza o ator Caboclo de Cobre, também um dos idealizadores do projeto, ao lado de Queisy e Edu.
No espetáculo, a comida, a fé e o encontro são temas marcantes. Surgidos com intensidade nos relatos coletados no processo de tecelagem da dramaturgia, esses elementos refletem aspectos fundamentais, não somente dos modos de enxergar a vida, mas da pluralidade dos imaginários brasileiros. A comida emerge como referencial simbólico de herança cultural e laços comunitários, frequentemente associada à fé e/ou manutenção da memória.
Em YBYRÁ, a memória afetiva ligada à comida é narrada através de relatos como a receita do acarajé, que por muitos anos sustentou Mãe Rosa de Oyá, e a experiência de Anderson Miranda recebendo doações de comida durante a sua andança pelo país – num dia jiló e arroz sem sal, num outro dia uma suculenta buchada de bode.
Além dessas histórias, o espetáculo abrange memórias de uma infância à beira de um rio transformado em avenida, experiências de cura que vão além da ciência, uma expedição de canoa liderada por crianças, entre outras vivências compartilhadas. A fé, manifestada em Caboclos, Caboclas, Encantados, Santos, Orixás, Nkisis e Voduns, serve como um fio condutor que entrelaça essas narrativas, revelando a diversidade e a riqueza das expressões presentes em diferentes regiões deste chão Pindorâmico-brasileiro.
CORPOS E NARRATIVAS FORMADORES DO ESPAÇO DRAMATÚRGICO
A dramaturgia de YBYRÁ é assinada pelos próprios personagens que compartilharam as suas experiências: Cacique Idyarrury, Caboclo de Cobre, Anderson Miranda, Mãe Rosa de Oyá, Luciene Xavier, Rangel Ytoá Fulniô, Pedro de Rosa Moraes, Queisy, Marli Brito, Pai Luiz Cláudio Batista, Gabriela Mafud, Argemira Ferreira da Silva, Vânia Paixão, Eliana Souza Medeiros e Humberto Paixão. Com dramaturgismo de Daniel Arcades, Edu Coutinho e Guilherme Hunder e colaboração em dramaturgia da pesquisadora João Modesto, a peça transforma essas histórias pessoais em obra coletiva, compreendendo a oralidade não somente como fonte ou objeto de estudo, mas reconduzindo-a ao seu lugar de direito enquanto ciência, saber e patrimônio.
Nesse sentido, o título YBYRÁ, que significa “árvore” em tupi-guarani e pode ser traduzido como “o que vem da terra, o que brota do chão”, reflete o espírito da montagem, que aborda o que está sob e sobre o chão brasileiro. “Ybyrá fala sobre as múltiplas vozes desse lugar. Um lugar que, apesar de ter outros nomes, chamamos por convenção de Brasil. É uma colcha de retalhos feita de narrativas que formam o coletivo desse território,” compartilha Queisy.
EQUIPE CRIATIVA
Com trilha sonora composta por Ejigbo Oni e Caboclo de Cobre, com contribuição de Marcelo Santana (Studio AquaHertz), e uma equipe criativa que inclui Daniela Botero na direção de movimento, Queisy na direção de visualidade, Guilherme Hunder no figurino, Guilherme Hunder, Noan Souza e Queisy no cenário e Caboclo de Cobre na iluminação, YBYRÁ é uma imersão artística na diversidade cultural do povo brasileiro.
O espetáculo integra o projeto Ybyrapytãna. Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar no 195, de 8 de julho de 2022.
SERVIÇO
ESPETÁCULO YBYRÁ
QUANDO: 30/8, 31/08, 01/09, 06/09, 07/09 e 08/09 (sexta, sábado e domingo)
HORÁRIO: 20h
ONDE: Sala do Coro do Teatro Castro Alves (Praça Dois de Julho, s/n – Campo Grande)
INGRESSOS: R$30 (inteira) e R$15 (meia entrada) – vendas pelo site Sympla (https://bileto.sympla.com.br/event/97436/d/273646/s/1868589) e na bilheteria do Teatro Castro Alves
ACESSIBILIDADE:
– Sessões com audiodescrição às sextas-feiras;
– Sessões com intérprete de libras em todas as sessões